30 Julho, 2007

Genetica da esclerose multipla

A descoberta de fatores genéticos associados com a esclerose múltipla, sugerem uma possível relação entre essa e outras doenças auto-imunes.

Os resultados estão sendo publicados simultaneamente pelas revistas Nature Genetics e New England Journal of Medicine. Trata-se dos primeiros estudos compreensivos a investigar as bases genéticas da esclerose múltipla, doença do sistema nervoso central que pode levar à paralisia completa. Inflamatória, crônica e degenerativa, é considerada uma doença auto-imune, que se manifesta a partir da combinação de fatores genéticos e ambientais.

As novas pesquisas, que analisaram amostras do DNA de mais de 20 mil pessoas nos Estados Unidos e na Europa, confirmaram que genes do sistema imunológico são alterados em indivíduos diagnosticados com esclerose múltipla e destacaram mecanismos potenciais causadores da doença.

Em um dos estudos, o grupo coordenado pelo norte-americano Jonathan Haines, do Centro Médico da Universidade Vanderbilt, verificou que variantes no gene IL7R (receptor de interleucina 7) eram muito mais comuns em indivíduos com esclerose múltipla.

Paralelamente, o grupo liderado por Jan Hillert, do Instituto Karolinska, na Suécia, observou a mesma associação entre variantes do IL7R e a doença. Esse gene está presente na superfície de determinadas células e no soro sangüíneo. A variante ligada à esclerose resulta de baixos níveis da forma superficial do IL7R e de elevados níveis da forma em soro. Os dois trabalhos serão publicados esta semana na Nature Genetics.

Segundo o estudo de Haines e colegas, a mudança nos níveis relativos das duas formas do gene pode alterar a atividade do sistema imunológico, fazendo com que pessoas que tenham a variante sejam mais suscetíveis para desenvolver a esclerose múltipla.

Em outro trabalho, publicado no New England Journal of Medicine, o grupo conduzido por David Hafler, da Escola Médica da Universidade Harvard, confirmou a associação entre o IL7R e a doença. Os pesquisadores analisaram polimorfismos de nucleotídeos únicos – pequenas diferenças na seqüência de DNA que representam variações genéticas comuns entre indivíduos – e procuraram por variações que fossem herdadas mais freqüentemente por pacientes com esclerose múltipla.

Para confirmar os resultados, Hafler e colegas realizaram nova análise em outras famílias, em casos isolados da doença e em um grupo controle. Em seguida, os resultados foram combinados para uma análise final, com uma amostra total de mais de 12 mil pessoas.

Fontes:

Interleukin 7 receptor α chain (IL7R) shows allelic and functional association with multiple sclerosis. Simon G Gregory et al. Nature Genetics (29 Jul 2007) Article.

Variation in interleukin 7 receptor α chain (IL7R) influences risk of multiple sclerosis. Frida Lundmark et al. Nature Genetics, Published online: 29 July 2007.

Novel risk alleles for multiple sclerosis identified by a whole genome association study. New England Journal of Medicine. www.nejm.org

Agencia FAPESP