18 Janeiro, 2007

Genoma do Trichomonas

A genética pode ajudar a vencer um parasita que infecta cerca de 170 milhões de pessoas em todo o mundo, sobretudo as mulheres, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Uma equipe de 66 pesquisadores de dez países – coordenada pelo pessoal do Institute for Genomic Research (TIGR), dos Estados Unidos, e que contou com a participação do brasileiro Augusto Simões Barbosa, que faz pós-doutoramento na Universidade da Califórnia de Los Angeles – seqüenciou o genoma do protozoário Trichomonas vaginalis. O parasita, que se aloja comumente no órgão sexual feminino, mas também pode infectar os homens, provoca a tricomoníase, a mais importante doença sexualmente transmissível de origem não-viral. A tricomoníase, que causa coceira, odores desagradáveis e até dores na região afetada, está associada a maiores riscos de câncer do colo do útero, infecção por HIV (o vírus da AIDS) e partos prematuros, entre outras complicações.

O projeto mostrou que o genoma do parasita é grande: tem cerca de 160 milhões de pares de base e conta provavelmente com mais genes do que o genoma humano. Outra característica do genoma do protozoário é ser repleto de trechos repetidos e elementos de transposição, os chamados transposons, segmentos de DNA que podem “pular” de uma região para outra do código genético. Conhecer o genoma do T. vaginalis pode ajudar a compreender como o parasita se adaptou ao trato urogenital humano, além de dar pistas de possíveis alvos para tratamentos e vacinas. Os pesquisadores acreditam que o protozoário originalmente habitava o intestino humano e, ao migrar para os órgãos sexuais, passou por uma grande expansão do genoma. Hoje já há remédios contra o parasita, mas o patógeno parece estar se tornando resiste aos medicamentos.

Fontes:

Draft Genome Sequence of the Sexually Transmitted Pathogen Trichomonas vaginalis. Jane M. Carlton et al. Science 12 January 2007 : Vol. 315. no. 5809, pp. 207 - 212.

Revista Pesquisa FAPESP