22 Janeiro, 2007

Genoma de Gluconacetobacter diazotrophicus

Pesquisadores do Projeto RioGene finalizaram o seqüenciamento do código genético da bactéria Gluconacetobacter diazotrophicus, uma bactéria endofítica – que coloniza o interior dos tecidos da planta.

A pesquisa, desenvolvida desde 2001 ao custo de R$ 4,82 milhões, foi financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), com participação da Embrapa Agrobiologia e de diversas outras instituições de ensino e pesquisa.

A G. diazotrophicus foi isolada pela primeira vez por pesquisadores da Embrapa Agrobiologia, em Seropédica (RJ), liderados por Johanna Döbereiner, em 1988.

Presente em culturas como a da cana-de-açúcar, da batata-doce, do abacaxi e do capim-elefante, a bactéria é essencial para o crescimento dessas espécies vegetais, por ser uma das principais responsáveis pelo processo de fixação biológica de nitrogênio, em que o elemento químico é retirado da atmosfera e transferido para as plantas.

A bactéria produz ainda hormônios vegetais que promovem o aumento da área do sistema radicular e, por conseqüência, ampliam a capacidade de absorção de alguns nutrientes essenciais do solo.

Segundo o CNPq, o Projeto Riogene permitiu a criação de infra-estrutura para seqüenciamento em diversos laboratórios, assim como promoveu a formação de 14 docentes e pesquisadores. O projeto foi coordenado por José Ivo Baldani, da Embrapa Agrobiologia, e por Paulo Ferreira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ambos bolsistas de Produtividade em Pesquisa do CNPq.

Para Baldani, a G. diazotrophicus também atua como agente de controle biológico ao inibir o desenvolvimento de outras bactérias que reduzem os níveis de sacarose da cana.

“A partir do seqüenciamento, estamos avaliando as funções da bactéria e a possibilidade de utilizá-la também em outras plantas de interesse econômico, como arroz, sorgo, milho e trigo”, disse Baldani. Cerca de 40% dos genes presentes no genoma da bactéria ainda são desconhecidos e representam vasto potencial para exploração.

Segundo Baldani, a Embrapa agora pretende desenvolver alterações no genoma da bactéria para potencializar a capacidade de trazer benefícios às plantas. Com o melhoramento genético, ela poderá ser usada como adubo natural, reduzindo em até 30% o uso de fertilizantes nitrogenados. Os pesquisadores estudam técnicas para inocular a bactéria em mudas e toletes – usados para replantio da cana nas lavouras.

A tecnologia está prevista para chegar ao mercado em cinco anos. A economia com o novo produto poderá chegar a R$ 59 milhões anuais somente na cultura da cana-de-açúcar, considerando uma área de 6 milhões de hectares cultivada no país. Além disso, a diminuição no uso de adubos químicos trará benefícios ao meio ambiente, uma vez que parte do adubo nitrogenado atualmente aplicado na agricultura é lixiviado para o lençol freático, contaminando rios e lagos.

Fonte:

Agencia FAPESP