01 Maio, 2006

Vacina contra virus similar ao Ebola

Uma equipe de cientistas canadenses diz ter criado uma vacina que parece ser capaz de proteger macacos contra o vírus que causa a Doença de Marburg. Os especialistas falam do seu experimento em artigo na revista científica Lancet. A Febre Hemorrágica pelo Vírus de Marburg provoca sangramento interno e falência múltipla de orgãos.
Não há um tratamento para a condição.

O vírus da Doença de Marburg foi identificado em 1967 e pertence à mesma família que o temido vírus Ebola.

Os dois são vistos como armas biológicas em potencial.

Epidemia em Angola
Recentemente, entre 2004 e 2005, uma epidemia da doença matou centenas de pessoas em Angola.

Pesquisadores do National Microbiology Laboratory, no Canadá, e do Army Medical Research Institute of Infectious Diseases (o instituto de pesquisas médicas do Exército) nos Estados Unidos trabalharam no desenvolvimento da vacina.

Eles conseguiram identificar no DNA do vírus de Marburg um gene que não provoca a doença.
Depois, isolaram um outro vírus encontrado na natureza, que não causa doenças, e inseriram nesse vírus o gene retirado do DNA do vírus de Marburg.

A idéia é que indivíduos inoculados com a vacina contendo o vírus modificado reconheçam sua presença em caso de contágio e ataquem o agressor.

Cinco macacos foram infectados com o vírus de Marburg e, entre 20 e 30 minutos depois, foram vacinados.

Outros três macacos infectados receberam vacinas que não continham o gene do vírus.
Os pesquisadores verificaram que todos os macacos vacinados com o imunizante que continha o gene do vírus de Marburg sobreviveram durante pelo menos 80 dias.

Os outros macacos morreram dentro de um período de 12 dias.

Os pesquisadores, liderados pelo cientista Thomas Geisbert, admitem ainda não entender como a vacina funciona.

Em estudos anteriores, ela já tinha se mostrado eficiente em proteger macacos contra os sintomas da doença quando aplicada antes do contágio.

Uma vacina eficaz após o contágio, no entanto, tem grande importância estratégica em caso de guerra biológica.

Em um artigo adicional publicado na revista Lancet, o pesquisador Stephen Becker, do Robert Kock Institute, em Berlim, disse que, devido ao número pequeno de casos, é pouco provável que a vacina seja disponibilizada comercialmente.

Entretanto, investimentos maciços em pesquisas com vírus de grande potencial para uso como armas biológicas podem resultar em avanços no desenvolvimento dessas vacinas, disse Becker.

Fonte:
BBC Brasil